NEWS | “A Internet das Coisas é o futuro e estamos só começando”, diz Kevin Ashton

fotografia de palestra virtual de Kevin Ashton (homem branco)

Imagem: Palestra de Kevin Ashton na Futurecom Digital Week. Foto: Organização da Futurecom

Kevin Ashton, frequentemente referido como o criador do termo “Internet das Coisas” (Internet of Things, IoT), falou por cerca de 40 minutos na última semana sobre o futuro da Internet na Futurecom Xperience Digital Week.

A palestra tratou do conceito de Internet das Coisas, tendências de consumo, casos de valor e projeções para o desenvolvimento de tecnologias de conexão em rede.

Ashton destacou os avanços no campo da aviação militar e civil nos últimos 100 anos, comparando a velocidade dessa evolução àquela experimentada pela internet.

“Evoluímos muito em pouco tempo, desde modelos que voavam a poucos metros do chão até jatos que transportam confortavelmente dezenas de passageiros. Um processo parecido deve ocorrer com os serviços de conexão em rede. A Internet das Coisas é o futuro e estamos só começando.”

Para Ashton, o uso de diversos sensores (de localização, movimento, iluminação) em celulares a partir de 2005 permitiu o surgimento de diversas soluções que podem se aproveitar das redes criadas pelo consumo massivo desses aparelhos.

Garrafas de água, peças de roupa íntima e barbeadores inteligentes com sensores acoplados não servem como exemplos da IoT porque “essas coisas resolvem problemas que sequer existiam. O que define a Internet das Coisas é a captura de dados por meio de sensores conectados à internet para gerar ações de impacto positivo na sociedade”, explicou.

O autor ainda compartilhou dados de pesquisas que apontam aumento exponencial nas vendas de empresas que fabricam telas para dispositivos digitais, apontando tendência de uma taxa de crescimento ainda maior nos próximos anos.

Pensata

O Autor e o Mercado

Ashton tem um histórico de colaborações comerciais com empresas do setor para desenvolvimento das ideias que promove em suas palestras e textos. Em 2017, por exemplo, lançou Making Sense of the Internet of Things, financiado pela HP e Aruba Networks, discutindo aplicações inovadoras de IoT no setor da sáude.

Diferente de outras conferências e minicursos, sua palestra na Futurecom (evento gratuito mediante cadastro) tinha barreiras para rechear de dados os bolsos dos patrocinadores. Pausa para bastidores da reportagem:

Quando cliquei na palestra para assistir, um pop-up me avisou, sucintamente: “Este conteúdo é patrocinado, você aceita compartilhar seus dados?”. Escolhi “Não aceito” e o site me devolveu para a tela inicial, negando acesso. Só consegui assistir quando permiti que usassem meus dados (não sei bem quais).

Some-se isso ao seu último livro, “A história secreta da Criatividade: Descubra como nascem as ideias que podem mudar o mundo”, exibido ao final da palestra, e sentimo-nos diante de uma TED Talk de onde brotam pop-ups de repente — embora o evento tenha sido claramente voltado a negócios.

Conceito de IoT

A profetização de Ashton sobre uma curva ascendente de conexões está em acordo com diversas projeções para o setor, mas sua definição de IoT não encontra eco em toda parte.

Segundo o IoT Analytics, o número de conexões de IoT ultrapassou o de conexões comuns à Internet pela primeira vez. De acordo com o periódico, 54% das mais dos mais de 21 bilhões de dispositivos conectados à internet serão do tipo IoT até o fim de 2020.

No relatório, o IoT Analytics destaca que conexões do tipo IoT seriam “carros conectados, dispositivos domésticos inteligentes e equipamento industrial conectado”, em oposição a conexões “não-IoT” como “smartphones, laptops e computadores”.

Ashton, no entanto, parece colocar os smartphones, por exemplo, como aparelhos que compõem o universo de conexões da IoT, diante de sua definição mais abrangente e dos exemplos que convoca.

Essa comparação expõe a falta de unanimidade sobre uma definição de IoT entre os próprios agentes de sua produção e divulgação. Coloca em questão, ainda, o peso do título de “pai” do termo IoT — ostentado na apresentação de Ashton para livrar-se da tarefa de admitir a existência do debate e lidar com a apropriação do conceito e das tecnologias que a representam por diversos atores nos últimos anos.

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